Poesia X Poema
Poesia
Apesar de muitos acharem que poesia é um gênero literário, na
verdade, esse termo se refere a uma expressão artística, uma forma de
manifestação de sentimentos. Por isso, não há nenhum padrão que
imponha o seu significado. Ela pode estar presente em textos, esculturas,
músicas ou até mesmo em quadros. Qualquer forma de arte é poesia.
Assim, não há nenhuma estrutura textual pré-determinada para definir o que é poesia, apesar de comumente ser confundida com poema e o autor ter total liberdade para compor algo que seja composto por versos ou não.
Assim, não há nenhuma estrutura textual pré-determinada para definir o que é poesia, apesar de comumente ser confundida com poema e o autor ter total liberdade para compor algo que seja composto por versos ou não.
Poema
Já o poema é um gênero textual em que, comumente, é a forma
escrita da poesia. Nele, é necessário ter uma estrutura mais definida e
que, apesar de poder variar extensão, deve ser composta por versos e estrofes
(conjunto de versos) ou de uma prosa, conhecida como prosa poética.
Para passar a poesia, o poema pode ter ou não rima e ritmo, além disso
há a liberdade de utilizar a linguagem necessária para comover o leitor e
mostrar os sentimentos intencionados pelo autor.
Exemplo de poema:
Congresso
Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade, 1940.
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade, 1940.
Tipos de poemas: Rima,
Métrica e Estrofe
O poema é
um gênero literário em que o conteúdo é disposto em estrofes e versos, que
podem ou não conter rima.
Ao longo
do tempo, esse gênero literário ganhou formas e expressões diversas,
tornando-se, ainda, insumo para composições musicais, traço típico do
trovadorismo, um estilo presente entre os séculos XI e XIV no continente
europeu.
Identifica-se
um poema pela sua estrutura, formada por versos e estrofes. Cada linha de um
poema é um verso. Cada conjunto de versos forma uma estrofe separada das
demais.
Um poema
pode ter somente uma ou várias estrofes, que podem ser simples, quando os
versos possuem a mesma medida; composta, quando os versos possuem medidas
distintas, e livres, quando não há qualquer rigor métrico.
Métrica
A métrica
é um fundamento formal do poema, podendo ou não ser rigorosa.
Alguns
autores medem o tamanho dos versos, procurando conferir rigor estético e ritmo
harmonioso. Esse é um traço de diversas correntes poéticas, como o simbolismo,
que teve no Brasil o poeta Cruz e Sousa como seu maior expoente.
As métricas de versos mais comuns
são:
–
Redondilha menor – cinco sílabas;
– Redondilha maior – sete sílabas;
– Decassílabo – dez sílabas;
– Alexandrino – doze sílabas.
Quando
não segue uma métrica, os versos são chamados de “versos livres”.
Rima
A rima é
um elemento estético do poema, que pode ou não estar presente, dependendo do
estilo do autor.
Basicamente,
a rima assemelha dois ou mais versos pelo som final, mas pode ocorrer, também,
no meio dos versos, que é uma estética mais sofisticada.
Classificação
quanto à fonética
– Rima perfeita ou consoante – É aquela em que há correspondência absoluta entre
os sons, vogais e consoantes:Ex: decantado / amado – pertinente / atinente
– Rima
imperfeita – Ocorre
quando a correspondência de sons é apenas parcial, podendo ser toante ou
aliterante.
- Toante – Em que
há repetição apenas dos sons vocálicos
Ex: impávido
/ dramático
– Aliterante – Em que somente as consoantes se repetem.
Ex: prata
/ preto
Classificação quanto ao valor:
– Rima pobre: Ocorre quando as palavras são pertencentes à mesma classe gramatical.
Ex: gato
/ sapato – fazendo / comendo – lista / pista
– Rima rica: Acontece quando as palavras pertencem a classes gramaticais distintas.
Ex:
assombrado / alambrado – caçada / amassada
– Rima rara ou preciosa: São combinações
mais sofisticadas, quando as palavras são pouco utilizadas, produzindo rimas
improváveis.
Ex:
gargalo / desafiá-lo
Classificação
quanto à acentuação
– Rima aguda – Palavras oxítonas, como: furacão e chão; ateu e
comeu.
– Rima grave – Palavras paroxítonas como: medo e segredo;
capela e aquarela.
– Rima esdrúxula – Palavras
proparoxítonas, como: ridículo e cubículo, metástase e prótese.
Classificação
quanto à posição no verso
– Rima externa – Quando ocorre no fim do
verso.
Ex:“numa
assaz sublime expressão de abandono
a canção
ao fundo a embalar o teu sono”
– Rima interna – Quando ocorre no interior do verso
Ex:
“Quando a
lua no céu clareia
O som da aldeia se insinua”
Classificação
quanto à posição da estrofe
– Rimas alternadas ou cruzadas:
Ex:
Trecho de
Morena Flor, de Castro Alves:
“Ela tem
uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima”
– Rima
emparelhada
Ex:“Naquele
sábado, ao final do dia
Confiando a própria melancolia
Mais um dia que passa, diz ao vento
Remoendo no peito o desalento”
– Rimas interpoladas
Ex:
“Vendo em
meu ombro recostado o teu rosto
Numa assaz sublime expressão de abandono
A canção ao fundo a embalar o teu sono
Teu corpo em sensual desaprumo disposto”
– Rimas encadeadas
Acontece
quando a rima aparece no fim de um verso e no meio de outro.
Ex:
“Quando a
lua no céu clareia
O som da aldeia se insinua
Quando é noite de lua cheia
Na aldeia a festa continua”
– Rimas mistas
É uma
forma de combinação livre de rimas dentro da estrofe, sem uma rigidez formal.
Ex:
Trecho de
Poema de Sete Faces, de Carlos Drumond de Andrade
“…Meu
Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração…”
– Versos brancos ou soltos – É quando os versos não rimam entre si
Ex:
Trecho de
Poema de Sete Faces, de Carlos Drumond de Andrade
“Quando
nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres…”
Tipos de
poema
São
reconhecidos, basicamente, três categorias de poemas:
– Lírico – É um tipo de poema que declara
emoções, desejos, visão de mundo. O principal sujeito é o eu lírico, a
linguagem é carregada de emoção.
– Épico ou narrativo – É um gênero em que
o tema central é o herói, o personagem e o enredo. O poema épico conta uma
história, narra um feito ou peripécias.
– Dramático – É o poema elaborado para ser dramatizado,
representado em uma peça de teatro, acompanhado e instruções. É uma peça de
teatro cuja fala se dá em forma de poema.
Métrica
As métricas de versos mais comuns são:
– Redondilha maior – sete sílabas;
– Decassílabo – dez sílabas;
– Alexandrino – doze sílabas.
Rima
O som da aldeia se insinua”
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima”
Confiando a própria melancolia
Mais um dia que passa, diz ao vento
Remoendo no peito o desalento”
Numa assaz sublime expressão de abandono
A canção ao fundo a embalar o teu sono
Teu corpo em sensual desaprumo disposto”
O som da aldeia se insinua
Quando é noite de lua cheia
Na aldeia a festa continua”
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração…”
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres…”
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