Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente
não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade
"Congresso Internacional do
Medo" assume uma temática social e política que espelha o contexto
histórico da sua criação. Depois da Segunda Guerra Mundial, uma das questões
que mais assombrou poetas e escritores foi a insuficiência do discurso perante
a morte e a barbárie.
Esta composição parece refletir o
clima de terror e petrificação que atravessava todo o mundo. Esse sentimento
universal se sobrepõe totalmente ao amor e até ao ódio, criando a desunião, o
isolamento, a frieza "que esteriliza os abraços".
O sujeito pretende expressar que a
humanidade ainda não superou todo o sofrimento a que assistiu, sendo assombrada
e comandada apenas pelo medo e esquecendo todas as outras emoções.
A repetição ao longo de todo o poema
parece sublinhar que essa insegurança constante, essa obsessão, levará os
indivíduos à morte e se perpetuará depois deles, em "flores amarelas e
medrosas". Assim, Drummond reflete acerca da importância de nos curarmos,
enquanto humanidade, e reaprendermos a viver.
Já ouvi falar mas não tive oportunidade de ler. Clara Luma Rodrigues Damas 2 ano A matutino.
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