Autor: Machado de Assis
Gênero: romance
O romance
inicia-se numa situação posterior a todos os seus acontecimentos. Bento Santiago,
já um homem de idade, conta ao leitor como recebeu a alcunha de “Dom Casmurro”.
O
narrador inicia então o propósito de rememorar sua existência, o que ele chama
de “atar as duas pontas da vida”. O leitor é apresentado à infância de Bentinho,
quando ele vivia com a família em um casarão da rua Matacavalos.
Moço
rico, vivia sob a proteção da mãe, a viúva D. Glória, que ainda mantém sob sua
dependência um grupo de parentes: o irmão Cosme, a prima Justina e o agregado
José Dias. É nessa casa de velhos viúvos que Bento cresce. Depois da perda do
primeiro filho, D. Glória jurou que o segundo seria padre. Tendo enviuvado
quando o filho era ainda criança, o juramento se transformou em angústia e
prenúncio de separação do filho único. A amizade e o encantamento por Capitu reforça
no menino a falta de vocação, mas ele acaba por obedecer ao desejo materno e
entra para o seminário.
No
seminário, Bento e Escobar se tornam melhores amigos. Juntos, os jovens
conseguem convencer a mãe a retirá-lo do seminário, seu amigo sai junto. Com
isso, Bento se forma em Direito e se casa com Capitu, enquanto a melhor amiga
desta, Sancha, acaba por se tornar esposa de Escobar; juntos, os dois casais se
tornam cada vez mais próximos. A felicidade de Bento se completa com o
nascimento de Ezequiel, seu filho, que vem fazer companhia a Capituzinha, filha
do casal amigo.
No
entanto, uma fatalidade muda o rumo do grupo de amigos: Escobar morre afogado.
Durante o velório, Bento percebe no comportamento da esposa marcas de um
adultério que ele, até ali, não tinha suspeitado.
A partir
desse momento, outros indícios se juntam ao primeiro. O maior deles é a grande
semelhança que Bento vê entre seu filho e o amigo morto. Obtida essa prova viva
da traição, separa-se e envia Capitu e Ezequiel para a Europa.
Capitu
morre na Europa, Bentinho vê então se concretizar seu pior pesadelo: ter que
conviver, de novo, mesmo que temporariamente, com o suposto filho.
O
narrador personagem, a princípio, parecia ter muito a contar, porém, fica evidente que seu
interesse pela própria biografia tem um foco bastante dirigido: o
relacionamento com a jovem Capitu, a vizinha que viria a ser o grande amor de
sua vida. Personagem fascinante, Capitu possui um extraordinário poder de
sedução, manifesto em seus “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”, capazes de
atrair como a ressaca do mar.
O autor dialoga o tempo todo
com o leitor, mas deixa plantada a semente da dúvida. Afinal, Capitu traiu
mesmo Bentinho, ou tudo foi obra da sua mente obcecada pelo ciúme?
Recomendo a você, que está
lendo a resenha, que leia o livro. Assim como fez nosso grande autor, minha
opinião...deixarei por conta da imaginação do leitor.
Principais
personagens do livro Dom Casmurro
Em Dom
Casmurro, as personagens são apresentadas a partir das descrições de seus
dotes físicos. Temos, portanto, a descrição, funcional, bastante comum no
Realismo.
·
Bentinho
(Bento Santiago): Ele
é o próprio Dom Casmurro, o narrador que também é o personagem principal. Já
velho ele escreve sua história.
·
Capitu: O grande amor de Bentinho,
com quem ele se casou e teve um filho. Sua origem era pobre, enquanto Bento era
da elite Carioca.
·
Escobar: Melhor amigo de Bentinho,
desde o tempo nos estudos no seminário. Sobre ele também paira a suspeita de
traição.
·
Dona
Sancha: Esposa
de Escobar, ex-colega de classe de Capitu
·
Dona
Glória: Mãe
do Bentinho, mulher muito religiosa que ama muito o filho. Ela queria que ele
se tornasse padre e para isso até fez promessa.
·
José
Dias: Amigo
da família de Bentinho, que vive dos favores de Dona Glória. Fingia ser médico.
·
Tio
Cosme: Advogado
viúvo, irmão de Dona Glória, ou seja, o tio de Bentinho.
·
Prima
Justina: Mulher
sem papas na língua, prima de Dona Glória.
.
·
Senhor
Pádua e Dona Fortuna: São
os pais de Capitu, que percebiam que o casamento da filha poderia ajudá-los a
mudar de vida.
·
Ezequiel: Filho de Capitu e de …?
Essa é a dúvida. Quem é o pai do menino? Bentinho ou Escobar?
Análise e interpretação da obra
Após ler o livro, você certamente já
percebeu que o tema da traição recebe destaque. Porém, vale ressaltar que Machado de Assis não deixa pistas
concretas para se ter certeza da traição de Capitu.
O que se lê é que Bentinho acredita
nisso, mas o leitor bem pode entender que ele estava errado em seu juízo por
vários motivos.
O livro permite um estudo de caso de
direito, pois temos Dom Casmurro, formado em direito, sendo acusador e juiz de Capitu. Ele é também a única testemunha e você
tem somente acesso à versão da história que ele conta, ou seja, somente por
meio de seu ponto de vista super ciumento.
Bentinho julga Capitu, mas Machado de Assis coloca
Bentinho para ser julgado pelo leitor.
Como é típico em suas obras,
verifica-se a presença tradicional da ironia e do sarcasmo. Bento Santiago também é da classe
proprietária, como Brás Cubas, e igualmente escreve suas memórias, depois de
decidir que mesmo podendo falar de outros assuntos, não o faria.
Estrutura
da obra
O romance Dom Casmurro é
dividido em 148 capítulos de diversas dimensões, predominando os curtos.
Ação
– O enredo
da obra não é dinâmico, já que predomina o elemento psicológico. A narrativa é
digressiva, ou seja, interrompida todo o tempo por fugas da linearidade para
acrescentar pensamentos ou lembranças fragmentadas do narrador.
Foco narrativo – O romance é narrado em primeira
pessoa, por Bento Santiago, que escreve a história de sua vida. Dessa forma o
romance funciona como uma pseudo-biografia de um homem já envelhecido que
parece preencher sua solidão atual com a recordação de uma passado que nunca se
distancia verdadeiramente, porque foi marcado pelo seu sofrimento pessoal.
Tempo- O tempo da narrativa é psicológico, e
não cronológico. Esse recurso é chamado impressionismo, porque o narrador se
detém nas experiências que marcaram sua subjetividade. A
falibilidade da memória surge como fator de complexidade, uma vez que uma
lembrança só pode ser acessada de um momento presente.
Os
acontecimentos, então, passam pelo filtro da subjetividade presente. É por isso
que a descrição que o narrador faz de Capitu, como uma pessoa volúvel e
sensual, deve ser posta em dúvida pelo leitor. O sentimento de ciúme exacerbado
de Bento pode ter desvirtuado a figura da personagem.
Espaço – Toda a ação narrativa passa-se no Rio de Janeiro. O
narrador faz-nos acompanhar sua trajetória pelos bairros e ruas do Rio, desde o
Engenho Novo, onde escreve sua obra, até a Rua de Matacavalos, onde passou sua
infância e conheceu Capitu. É interessante lembrar, que as duas casas
amarram-se novamente num círculo perfeito, já que a do Engenho Novo foi
construída à semelhança da casa de Matacavalos. A tentativa do narrador de atar
as duas pontas da vida parece funcionar não apenas na ligação entre o presente
e o passado, mas também na própria estrutura da obra, como vimos na introdução
dessa parte.
· Saiba mais
·
Machado de
Assis: vida, obra e características
·
O
movimento realista
Fonte: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/dom_casmurro/
ttps://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/dom-casmurro-2-analise-de-obra-de-machado-de-assis.htm?cmpid=copiaecola
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/dom-casmurro-analise-da-obra-de-machado-de-assis/