Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 21 de julho de 2020

Vacina: COVID 19




                                               Vacinas COVID 19

Nesta segunda-feira (20), a ciência conseguiu provocar uma espécie de onda planetária de esperança com uma notícia muito bem-vinda. Pesquisadores publicaram resultados preliminares promissores de testes com vacinas contra a Covid-19.


A notícia não poderia ser melhor: as principais pesquisas de vacinas conseguiram uma resposta segura e forte contra o novo coronavírus. Uma delas é da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a empresa farmacêutica AstraZeneca - e já era considerada a mais avançada até agora. Outra é desenvolvida pela empresa chinesa CanSino Biologics e pela unidade de pesquisas das Forças Armadas da China.
Os dois resultados foram publicados, nesta segunda, na revista médica Lancet, e se referem às fases de testes um e dois, feitos em menor escala. Nos dois casos, os voluntários produziram anticorpos e células T; os protagonistas na linha de defesa do corpo.

Os anticorpos se amontoam num vírus, impedindo que ele encaixe na célula e cause a infecção. A outra linha de defesa do corpo vai por um caminho diferente: as células T matam as células infectadas, que estavam fabricando mais e mais vírus.
O método mais tradicional de criação de vacinas enfraquece um vírus no laboratório, quando ele é injetado no corpo, o sistema de defesa aprende a lidar com um inimigo que praticamente não ataca.
A vacina de Oxford e a vacina chinesa conseguem essa dupla reação de um jeito diferente. A técnica não ensina o corpo a identificar o novo coronavírus; ensina a identificar só a parte mais importante: a proteína que fica na coroa dele, aquela que consegue abrir e infectar a célula humana.
A palavra “corona” significa “coroa”. O que os pesquisadores de Oxford e da chinesa CanSino fizeram foi pegar essa “proteína” que só o novo coronavirus tem e inserir num vírus ativo de resfriado comum. O corpo reconheceria o novo coronavírus a partir do espinho dele.

Os testes de Oxford foram com 1.077 pessoas, somente no Reino Unido: a vacina precisou de duas semanas para induzir a resposta de células T; e 28 dias para produção de anticorpos.
Essa imunidade continuou alta até a publicação dos resultados. Um dos autores destacou a segurança da vacina.
A injeção chegou a causar cansaço e dor de cabeça na maioria das pessoas que tomaram. O efeito colateral mais relevante foi febre. Os voluntários têm entre 18 e 55 anos - idosos não participaram desta parte do estudo.
A vacina chinesa também só foi testada em adultos mais jovens. Os testes com mais de 500 voluntários foram em Wuhan, onde a Covid-19 teria surgido. Mais de 90% do grupo que tomou a vacina ainda tinham a dupla proteção pelo menos um mês depois da injeção.
Só que a resposta de células T foi bem mais alta que a de anticorpos. A vacina da empresa CanSino teve praticamente os mesmos efeitos colaterais que a de Oxford.
As duas pesquisas aumentaram- e muito - a base de voluntários. Essa é a fase três, a fase final, mas os cientistas não sabem quando vão ter os resultados.
Como eles não estão infectando o voluntário com o próprio novo coronavírus, eles precisam esperar o grupo que recebeu a vacina circular por aí e ver se pegaram a doença.

A universidade de Oxford imaginava que a fase final de testes seria bem mais rápida. Mas a grande maioria da população britânica seguiu o isolamento e a transmissão no Reino Unido caiu demais.
Os pesquisadores precisaram testar a vacina em larga em escala em países em que o contágio ainda está acelerado. O Brasil foi um dos escolhidos. Foram 2 mil voluntários em São Paulo, 2 mil na Bahia e outros mil no Rio de Janeiro.
O projeto tem a participação da Rede D’or, da Fundação Lemann e da Universidade Federal de São Paulo. Ao todo, 50 mil pessoas vão participar dos testes em todo o mundo. Essa fase final inclui ainda os grupos de risco.
Oficialmente, os cientistas não cravam nenhuma data para os resultados finais.

 O Brasil tem um acordo para receber 30 milhões de doses até janeiro de 2021, caso a vacina seja aprovada.
“Essa é uma pergunta que todo mundo quer saber: quando teremos efetivamente a vacina. Teoricamente só teremos alguma chance de aprovação de registro depois de um ano quando tivermos todos os resultados. Se no transcorrer do estudo, a gente acumular resultados muito positivos, é possível que com esses resultados possa-se pedir uma licença mais cedo. Essa é a perspectiva e expectativa de muita gente, de a gente conseguir uma vacina ainda no final do ano”, destaca a doutora Lily Yin Weckx, coordenadora dos testes no Brasil/CRIE-Unifesp.

No mundo todo, há 163 pesquisas de vacinas contra o novo coronavírus - 23 delas estão na fase de teste em pessoas.
A empresa alemã Biontech e a parceira farmacêutica americana Pfizer também divulgaram resultados preliminares positivos, nesta segunda. Mas o teste dessa vacina ainda não foi revisado por outros especialistas. Os primeiros 60 voluntários saudáveis apresentaram resposta imune forte.
As pesquisas são extremamente promissoras, mas ainda é cedo para saber se as vacinas oferecerem proteção. É um longo percurso, mas até agora a ciência caminha a passos largos - e firmes.
Nesta terça (21) começam os testes de uma outra vacina chinesa no Brasil. As doses chegaram nesta segunda a São Paulo. Os primeiros voluntários são profissionais da área da saúde que lidam diretamente com pacientes da Covid. O Instituto Butantan está ajudando no desenvolvimento da vacina.

G1.com.br/JN



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